quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ela

Por mais que eu a odiasse, mais e mais um dia, eu ainda a amava.
Incondicionalmente.
Ela me fez chorar, rir, curtir...
Mas me apunhalou pelas costas.
Como se tivesse pegado uma estaca, e enfiado nas minhas costas.
Uma dor que não posso explicar, só sei que é, ao mesmo tempo, uma dor boa e ruim.
Foi como uma traição. Por mais que eu a odiasse, eu ainda sinto algo por ela.
Mas eu ainda a amo.
E com essa apunhalada, fiquei anos sofrendo, mais e mais.
Mas um dia, ela apareceu de novo, e abriu um sorriso pra mim, e me deu a mão.
Um sorriso meigo, aquele sorriso que me fazia feliz.
Me deu a mão como uma fada querendo me ajudar.
E eu, todo ferido, entreguei minha mão pra ela.
E ela me levou para um outro mundo, como nada daquilo de ruim, tivesse acontecido.
Ela começou a me beijar.
Ah... aquele lábios dela. Tinham gosto de morango. Minha fruta preferida.
Era meus lábios preferidos, ainda são.
E ela voltou a me conquistar, e voltou, e voltou.
Ela me disse que mudou, que virou mulher.
Fiquei surpreso.
Mas será que ela mudou mesmo?
Será que tudo isso é verdade?
Posso acreditar nela?
Eu não sei, só sei que aqueles lábios carnudos dela, me encantava mais e mais.
Eu acreditei nela.
E continuei com ela, ao lado dela.
E a cada ato que ela fazia, era diferente daqueles atos infantis que ela fazia antigamente.
E os anos passaram, e toda minha vida, passou ao redor dela.
Tivemos filhos, filhos lindos.
Tivemos tudo na nossa vida. Amor, paz, saúde... tudo, simplesmente, tudo!
Fomos fazer um cruzeiro, para comemorar nossas Bodas de Ouro.
Sim, nosso casamento durou 50 anos.
Quem diria. Aquela mulher que me apunhalou pelas costas, se tornaria mulher e um dia viria casar comigo.
E nesses anos que passaram, de nós juntos. Ela me pediu uma coisa.
Que quando ela falecesse, fosse jogada ao mar. Com rosas e morangos.
Por que morango, era a fruta que eu mais gostava, e ela queria morrer comigo.
Com um pedaço meu.
E nesse cruzeiro, ela acabou falecendo.
Eu não sei qual foi o motivo da morte dela. Os médicos não souberam explicar.
Mas como ela desejou, foi feito.
Eu a joguei no mar, na frente de seus filhos, como pedido dela.
Com rosas e morango.
E... eu, vendo essa cena, não aguentei, acabei desmaiando, e caindo ao mar.
Quando acordei, vi uma mulher do fundo do mar vindo me buscar.
Sim, era ela.
O amor da minha vida, veio me buscar.
Mas pensei, como ela veio me buscar sendo que ela faleceu?
Mas isso não importava.
Eu estava ao lado de quem eu mais amava.
Com rosas e morangos ao meu redor, e o mar começou a ficar vermelho.
Vermelho por causa das rosas e morangos, que se despedaçavam a cada momento.
E aquilo era uma coisa que eu nunca tinha visto, algo diferente.
E assim que ela me abraçou, eu a beijei.
Foi o melhor beijo da minha vida.
Um beijo de despedida.
Que me emocionava a cada segundo que encostávamos os lábios.
E assim, nós fomos, eternizar nosso amor.
Perto de rosas, a flor que ela mais gostava. E morangos, o gosto dos lábios dela.
E encostamos no fundo do mar, o mais profundo possível.
E acabei dormindo, dormindo ao lado dela.
E assim, termina minha vida.
Uma vida cheia de altos e baixos, como a sua.
Mas uma vida, que acabou ao lado dela.
Ao lado de quem eu mais amo.
E amarei até o fim. Até o fim!
Incondicionalmente.
E depois disso, eu acordei.
Na cama da minha casa.
Com meus filhos ao redor, e no que olho para o lado, tinha uma rosa, ao lado da rosa, um morango.
Perguntei quem tinha deixado a rosa e o morango ali.
Ninguém soube responder.
Mas segundos depois, percebi quem foi.
Foi Ela.
Eu não sei quando vou morrer.
Só sei que quando eu estiver lá em cima, quero estar ao lado dela.
Com rosas e morangos ao meu redor.
E assim, ela foi.
Uma despedida dolorosa.
Mas eu sei que por mais que tenha acontecido, ela ainda me ama.
De onde ela estiver.

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Bjos e abraços do Gio!

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